MARIAMA! Esta página, criada por Ana Cecília de Sousa Bastos, José Antonio Saja e Mabel Velloso, tem o sentido de criar um canal de comunicação dos membros da ALAMS: entre si e com o mundo contemporâneo. O louvor a Maria e o serviço aos irmãos aqui se encontram, numa busca de beleza e real fraternidade. Responsáveis: Ana Cecília Bastos, Taciane de Melo e Mabel Velloso. Agradecemos a Luciano Dídimo pelo encorajamento e apoio técnico e a Izabelle Nossa pela arte final da imagem na capa.
Mariama. Blog da Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris
sábado, 20 de abril de 2019
"A hora da Nossa Senhora da Solidão", por Mariana Ianelli
Sobre esta hora, Rilke foi mais longe que todos os evangelhos canônicos e disse que a mãe ao pé do sepulcro ficou “imóvel como o interior da pedra ficou imóvel”. Em qualquer outra hora, essa mãe poderia ser da glória, da esperança, dos remédios, dos milagres, do bom conselho, da boa morte. Nesta hora, não. Nesta hora, ela é da solidão, mãe das mães silenciosas que alguma vez em suas vidas também ficaram imóveis, cada uma com o nome do seu filho suspenso nos lábios, suportando duramente tudo o que jaz dentro da pedra junto com um filho, mundos possíveis, amigos, safras de milhares de momentos, elos ardentes no tempo, amores de Madalenas que nem saberão dessa perda, só talvez, de vez em quando, sintam um estranho aperto no peito, felicidades grandes e pequenas, o inimaginável, o imprevisível, poemas. Nesta hora, a mãe está desamparada. Ela, de quem se espera auxílio, compreensão, paz, misericórdia. Desamparada, ausente da música das coisas e das águas, sem pés e sem mãos, na desolação de todos os possíveis, ela, de quem se espera que console, que proteja, que socorra, que conceda graças. Que esperem. Que vigiem. Cuidem dessa mãe, agora desprotegida, desarvorada de cuidados. Cantem para ela, neste dia de pedra, como um carinho de filho, um caminho de flauta, o roçar de uma folha. Pensem nessa mãe imóvel.
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* Mariana Ianelli é escritora, mestre em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, autora dos livros de poesia Trajetória de antes (1999), Duas chagas (2001), Passagens (2003), Fazer silêncio (2005 – finalista dos prêmios Jabuti e Bravo! Prime de Cultura 2006), Almádena (2007 – finalista do prêmio Jabuti 2008), Treva alvorada(2010) e O amor e depois (2012 – finalista do prêmio Jabuti 2013), todos pela editora Iluminuras. Como ensaísta, é autora de Alberto Pucheu por Mariana Ianelli, da coleção Ciranda da Poesia (ed. UERJ, 2013). Estreou na prosa com o livro de crônicas Breves anotações sobre um tigre (ed. ardotempo, 2013). Na RUBEM, escreve quinzenalmente aos sábados.
Trazido RUBEM. Revista da Crônica – Notícias, entrevistas, resenhas e textos feitos ao rés-do-chão.: https://rubem.wordpress.com/2019/04/20/a-hora-da-nossa-senhora-da-solidao-mariana-ianelli/?fbclid=IwAR0IRHI5-f7SAilcQ8FTCJ2vi2b07fS0jSf8Xi9P4gKGiW-9MstdG3tv2n0
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Uma beleza, li o texto 2 vezes.
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